Carolina Cerqueira

DENEGRIR: TORNAR-SE MAIS NEGRO


No dicionário o sentido literal do verbo denegrir é obscurecer ou obscurecer-se; fazer ficar mais negro ou escuro; manchar-se. Mas é no sentido figurado que estamos acostumados a conjugá-lo em nosso dia-a-dia: manchar a reputação ou difamar: ela denegriu-se com o rumor; certos comportamentos denegriram sua imagem. As três imagens inscritas fazem parte de uma série de autorretratos em linoleogravura onde crio encontros entre outros negros e eu. Denegrindo minha imagem construo minha identidade enquanto mulher negra relembrando, conhecendo e ressignificando o que é a herança africanabrasileira. "Tornar-se mais negro"
significa um movimento de superar ideias racistas que nos rodeiam e nos moldam nessa sociedade, é um movimento de identidade de dentro para fora, ou seja, em primeira pessoa. A partir dessa artificialidade intencional, não almejo problematizar o que há de "original" ou "falso" nas imagens, mas sim, pensar o encontro, a fluidez e o múltiplo que é parte de nós, e conceitos que nos estilhaçam diariamente.

Artista visual e pesquisadora. Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens da Universidade Federal de Juiz de Fora. Desenvolve uma pesquisa poética sobre identidade, relações raciais e pertencimento. Apresentou seu trabalho com a exposição individual Dessemelhança Construída na Galeria Guaçuí (IAD-UFJF) em 2015, e no Sesc Três Rios (RJ), em 2019. Integrando também coletivas de jovens artistas, como Arte Londrina 4 (Paraná), AFRORESISTÊNCIAS (Rio de Janeiro), Circuito Arte Atual, e Preto ao Cubo (ambas em Juiz de Fora). Ganhadora do IV Prêmio Funalfa de Fotografia, JF FOTO15. Vem apresentando sua pesquisa em instituições brasileiras e estrangeiras (África do Sul, Argentina e México). Mestre em Belas Artes pela University of the Witwatersrand, África do Sul, em 2018. Graduada em Artes Visuais e Artes e Design pela Universidade Federal de Juiz de Fora, onde também ganhou bolsa para realizar intercâmbio na Tomsk State Pedagogical University, ТГПУ, Rússia, entre 2012 e 2013.
Autora do projeto Mesmo Sol Outro, de 2015, selecionado pelo programa Rumos do Instituto Itaú Cultural, em 2016. O livro Mesmo Sol Outro foi publicado em 2018.


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