Gabriela Rosa

Entre a matéria e o espírito, entre o figurativo e o abstrato, entre a música, poesia e a imagem transitam cores vivas e traços marcantes para delinear os caminhos entre o pensar, sentir e viver o ser em si e o ser em coletivo. Para Gabriele as várias técnicas são janelas para observar e re significar suas inquietações como ser humano, enquanto indivíduo e em sociedade, uma forma de fluir a conexão com a natureza e refletir sobre os acontecimentos do cotidiano. Fruto de suas origens, vivências e influências, os temas mais recorrentes em suas produções prezam pela representatividade, trazendo, sobretudo, artistas importantes, personagens e figuras históricas femininas, negros e lgbtqi+, além de pessoas que fazem ou fizeram parte de sua vida. Outro eixo que se estabelece com ainda mais força em sua arte são as reflexões sobre autoconhecimento e espiritualidade. A pessoa, o mundo, o eu interior, o multidimensional e todas as técnicas e formas que possam expressar a manifestação da consciência definem não um estilo, mas uma busca por viver o mistério e realizar o poder criativo.

"Mãos delas" busca dar ênfase ao trabalho de trancistas e dreadmakers que, em grande parte, são mulheres negras, brasileiras ou várias vindas de países africanos (no centro de São Paulo este é um dado expressivo). Ofício que, além de carregar vivências e ancestralidades, muitas vezes não tem notoriedade e é pouco valorizado, tem sido, no entanto, fundamental para o fortalecimento das identidades afro-brasileiras.