Natasha Pasquini

Sementes

Descrição geral e afetiva: - Sementes é uma performance multissensorial, germinada com lágrimas de um choro engasgado desde o dia que Marielle Franco foi brutalmente assassinada. Sementes é ritual de ressignificação das dores ancestrais que ainda atravessam nossos corpos. Sementes é o início: é a potência de germinar e o desejo de florescer. É também a necessidade de recuperar o passado, ainda atual, e aprender com a sua experiência-memória, a partir de uma transição de sons (a)temporais para uma possível afirmação de que o futuro é agora. Descrição da cena ou aquilo que se pretende: - No chão folhas secas, no meio do salão um círculo de sementes e dentro dele um turíbulo para defumação, um copo da água e uma vela. A luz se mostra laranja e terrosa, porém receptiva. Numa parede o vídeo de "mulheres negras curtindo a vida" passa em looping e nas outras paredes frases de músicas e notícias de jornal compõem a cenografia. Às 18:00 horas ouvem-se os sinos e inicia-se a defumação do espaço e de quem o ocupa. A projeção das "mulheres negras curtindo a vida" é substituída por uma contagem progressiva nos mostrando que números como 4, 80 ou 111 estão sujos de sangue e não serão esquecidos - 4 tiros mataram Marielle; 80 tiros mataram o músico Evaldo Rosa; em 80 horas cinco jovens são mortos em ações policiais no Rio de Janeiro; 111 é o número oficial de mortos no massacre do Carandiru e é também o número de disparos que interromperam a vida de outros cinco jovens na cidade do Rio de Janeiro. Até quanto...? Até quando iremos banalizar a vida, a existência dos corpos negros? Por acreditar na alegria como caminho "mulheres negras curtindo a vida' volta a ser projetado, enquanto a performer negra Natasha Pasquini se deixa atravessar pelos sons da chibata ("passado"), dos tiros ("presente") e do tambor ("futuro") e dança por acreditar na potência do movimento enquanto reconstrução de si e do mundo. Para finalizar o ritual propõe-se que os presentes comam o bolo e tomem café oferecido pela artista, que aprendeu dentro dos terreiros à compartilhar alimentos no fim dos trabalhos para que todos possam seguir alimentados no corpo e na alma.


2019 Bienal Black Brazil Art | Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora